Dispensadas em Setembro de 2013 e colocadas sob estatuto de «disponibilidade», despedidas ao fim de oito meses, e após 11 meses de um longo e amargo combate, as 595 empregadas de limpeza da função pública tornaram-se a encarnação, o símbolo, a alma e a vida da resistência contra a política de austeridade na Grécia! Estas mulheres tornaram aos poucos «sujeito político» e líderes de toda a actual resistência contra a política da Troïka, ousando afrontar um inimigo tão poderoso como o governo grego, o Banco Central Europeu, a Comissão Europeia e o FMI...
O governo grego encerrou, em 11 de Abril, a página Indymedia Atenas do movimento internacional antiglobalização, ao mesmo tempo que os nazis se passeiam pelas televisões.
Na Grécia, está a tornar-se deveras preocupantes a onda de discriminação e violência incentivada pelo partido neo-nazi, que conseguiu ter representação parlamentar nas eleições de Junho 2012. Desde então, o Aurora Dourada tem aumentado as suas agressões xenófobas contra imigrantes, mas não só: também militantes de esquerda, anarquistas, homossexuais e agora judeus, têm sido alvo de insultos, ameaças e perseguição.
Na manhã deste domingo, Dimitris Stratoulis, deputado do Syriza no parlamento grego, foi violentamente atacado por três homens que afirmaram pertencer ao Chrysi Avgi (Aurora Dourada, o partido neonazi grego com representação parlamentar).
A situação do sistema de saúde grego começou a piorar de dia para dia desde o primeiro pedido de resgate feito pelo país à Troika, em 2010. Nos últimos meses, todos os direitos conquistados pelo povo grego no acesso à saúde pública e gratuita foram alvo de um enorme retrocesso. O sistema de saúde deixou de ter em conta as necessidades dos cidadãos mais desprotegidos. Desempregados e imigrantes deixaram de ter direito aos cuidados de saúde. Os médicos viram o seu salário reduzido em 40% e prestam agora horas extraordinárias não pagas ou trabalham voluntariamente acorrendo aos mais necessitados.
A incessante austeridade e a consequente falência sociopolítica do sistema grego têm traçado o ambiente propício para o ressurgimento de ideologias nacionalistas de extrema-direita. Nas ruas, o medo impera entre imigrantes perseguidos por membros do Aurora Dourada; no parlamento, a ineficácia do debate público abre espaço para a ascensão do partido neonazi, que conta já com dezoito assentos parlamentares e uma intenção de voto do eleitorado estimada, actualmente, nos 14%.