Marcha do Desemprego percorre o país

06-10-2012

A CGTP-IN promove uma Marcha Contra o Desemprego de 5 a 13 de Outubro. Serão percorridas estradas de norte a sul, a caminho de Lisboa. Esta iniciativa de âmbito nacional teve o seu início em Braga e Faro, simultaneamente, e terminará em Lisboa. É uma acção que envolve os desempregados, os jovens à procura do primeiro emprego, os trabalhadores que perderam os postos de trabalho devido ao encerramento das empresas e que continuam há anos a aguardar o pagamento dos créditos que lhes são devidos (salários em atraso e indemnizações); os que se encontram com salários em atraso e sujeitos ao lay-off; os das empresas em perigo de encerramento. 

Para a CGTP, «o desemprego é um flagelo que afecta uma grande parte das famílias. Mais do que constatar é preciso agir. Identificando os problemas, apresentando soluções, mobilizando os desempregados».

«Esta é uma marcha para vos dar voz e exigir trabalho com direitos», disse Arménio Carlos, líder da CGTP, aos manifestantes do distrito de Braga, que esta manhã de sexta-feira deu início à Marcha contra o Desemprego que levará os manifestantes desde vários pontos do país até Lisboa, onde chegam no dia 13.

Arménio Carlos atacou o Governo e as medidas recentemente anunciadas e explicou as propostas que levou à concertação social e que o ministro até reconheceu como válidas. «Então aplique-as, caramba!», disse o sindicalista.

«Querem fazer um assalto, em que não fica ninguém de fora. Só o capital é protegido por este Governo», disse Arménio Carlos, acusando a «redução de rendimentos dos trabalhadores e das famílias», lembrando as promessas feitas em campanha «por parte de alguns figurões como o primeiro Ministro».

«Há dias, o ministro dizia que temos o melhor povo do mundo e nós dizemos que temos o pior governo do mundo. Fora com eles que não valem um tostão furado e retiram a esperança ao nosso povo», denunciou Arménio Carlos.

Norte

Muitos professores, reformados e desempregados aderiram a esta mobilização da CGTP que juntou cerca de quatro mil pessoas na Avenida da Liberdade, em Braga, e seguiu até Caldas das Taipas, Guimarães.

No Porto, a União dos Sindicatos do distrito (USP) afirmou que, «Face à grave situação que o país atravessa, o desemprego representa o maior problema económico e social do país, abrangendo mais de um milhão e duzentos [mil] trabalhadores»,  destacando que «um em cada quatro portugueses está em risco de pobreza ou exclusão social».  A estrutura sindical referiu, relativamente ao distrito do Porto, a «paulatina destruição do seu aparelho produtivo», avançando que, «entre 2008 e 2010, encerraram cerca de 11.000 empresas» na região. «Na indústria transformadora encerraram mais de duas empresas por dia», enquanto no sector primário (agricultura e pescas) «mais de uma empresa encerrou por dia», refere, salientando que «o sector mais afectado pelas reduções foi o da indústria têxtil e do vestuário, que perdeu quase um quarto das suas empresas». 

Considerando que «o desemprego constitui uma questão central no distrito do Porto, a exemplo do que acontece a nível nacional», Ernesto António, da direcção da USP, realçou que dados de Julho do Instituto do Emprego e da Formação Profissional (IEFP) apontam 159.653 desempregados no distrito, com aumentos em 17 dos 18 concelhos. Paralelamente, a USP destaca o «aumento da precariedade dos vínculos laborais» na região, com os contratos precários a aumentarem de 97.000 para 120.000 entre 2004 e 2010, «o que significa que quase um quarto dos trabalhadores por conta de outrem do distrito se encontram em situação precária». 

Algarve

No Algarve, o Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD) está a dinamizar a «Marcha Contra o Desemprego» convocada pela CGTP-IN.   A iniciativa foi apresentada, na segunda-feira, 1 de Outubro, em frente do centro de emprego de Vila Real de Santo António, onde se concentraram cerca de 25 pessoas preocupadas com o alastrar do desemprego na região. O movimento apelou à participação dos atuais e futuros desempregados, trabalhadores sazonais e precários, aos que se encontram com salários em atraso e sujeitos ao lay-off, assim como aos funcionários das empresas em perigo de encerramento e aos jovens à procura do primeiro emprego.

«O Movimento dos Trabalhadores Desempregados conhece as situações que alastram por toda a região provocadas pelos 27,5% de taxa de desemprego, a mais alta do país, o que significa que mais de 67.000 algarvios se encontram numa situação fragilizada», adiantou o MDT, frisando que já não são só os jovens a viver o drama do desemprego, «mas também os pais que ficaram sem emprego ou com vencimentos reduzidos e os avós com cortes nas reformas e pensões»…

Açores

Nos Açores, esta iniciativa acontecerá nas cidades de Angra do Heroísmo e Ponta Delgada, amanhã, 5 de Outubro. Em conferência de imprensa, realizada dia 3, a União de Sindicatos de São Miguel e Santa Maria convidou a população em geral a integrar a marcha, desafiando ainda os candidatos dos partidos concorrentes às próximas eleições regionais a marcarem presença nesta iniciativa. 

Por sua vez, o Movimento de Professores e Educadores Precários e Desempregados dos Açores (MPEPDA) já confirmou que se associará à marcha, juntando-se assim à indignação crescente depois de conhecidas as medidas de austeridade do governo da República, que em muito prejudicarão os docentes precários que leccionam na Região.

Também o Movimento Sem Emprego (MSE) saúda as várias manifestações de desagrado das populações, «que de Norte a Sul do país não deixam que nenhum membro do governo usufrua sequer do passeio público, obrigando-os a andar de traseiras em traseiras, até que o medo se transforme em vergonha e abram caminho à realização de eleições». Saúdam especialmente a greve geral marcada pela CGTP, à qual se associam, assim como a Marcha do Desemprego. Saúdam ainda a greve dos transportes, dos estivadores e dos demais trabalhadores que não desistem de lutar pela dignidade do seu posto de trabalho. Saúdam também a «corajosa desempregada que calou Cavaco Silva e António Costa no enterro do feriado da República».

O percurso da marcha pode ser consultado em http://www.cgtp.pt/marcha-contra-o-desemprego

Fontes
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