Não ao fim da Cantina Nova

10-12-2012

Está marcada para segunda-feira, dia 10 de Dezembro, pelas 12h, uma manifestação contra o encerramento do refeitório II da Universidade de Lisboa (UL), também conhecido como Cantina Nova, que serve os 9000 alunos do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE).

A notícia do encerramento chegou a semana passada, primeiro às dez funcionárias que serão despedidas e depois aos mais de 700 alunos que diariamente usam aquele espaço. A cantina, aberta desde 1975, faz parte de uma rede de cantinas que serve a cidade universitária e é a única que está aberta aos sábados.

A organizar esta concentração está o movimento “Não ao fim da Cantina”, que na página de facebook lançou uma petição que pretende «EVITAR o aumento do tempo de espera nas filas das cantinas que já actualmente são significativos (em especial da Cantina Velha)», assim como «EVITAR a perda do posto de trabalho de funcionárias».

A petição levanta várias questões: «Onde estas 600 a 700 pessoas irão almoçar a partir de 2013? Dado este número de utilizadores o fecho do refeitório II implicará grandes constrangimentos na fila da Cantina Velha com o aumento de mais umas centenas de pessoas, bem como em outras cantinas, bares e restaurantes da Cidade Universitária. Será que haverá hora de almoço? Possivelmente não» .

Também o movimento Artigo 74º Pelo Direito à Educação (que na semana passada, durante o discurso de Passos Coelho na Reitoria da Universidade Nova de Lisboa, estendeu uma faixa dizendo «Demite-te») protesta contra o encerramento da cantina nova, pois «esta situação irá obrigar os alunos a recorrer a bares privados ou a trazer comida de casa», diz João Mineiro, membro da Associação de Estudantes do ISCTE-IUL.

A Reitoria da Universidade de Lisboa tomou a decisão do encerramento, agendado para o fim deste mês, depois de um estudo feito no mês de Setembro revelar que 80% dos estudantes que usufruem do refeitório são do ISCTE. A Reitoria afirma não poder financiar através da sua acção social os alunos do ISCTE.

Os alunos do ISCTE - cuja gestão é feita através de uma fundação pública de direito privado - reclamam que apenas têm como alternativa uma cantina com 90 lugares, insuficiente para todos aqueles que procuram uma refeição a um preço mais baixo. As outras opções são bares concessionados e restaurantes gourmet. Estas infraestruturas fazem parte de novos investimentos dentro da instituição, que também incluem lojas e um Clube ISCTE.

João Mineiro queixa-se de não haver, por parte das reitorias, um diálogo com as associações de estudantes. «As associações não foram consultadas, não sabemos qual é a posição do reitor no meio disto», afirma. O aluno do ISCTE disse ainda que a cantina aberta recentemente naquele campus não tem capacidade para servir os alunos da instituição. «A avançar, esta situação irá obrigar os alunos a recorrer a bares privados ou a trazer comida de casa. Se os alunos já recorrem à Cantina Nova é porque existem sempre imensas filas e os cerca de 70 lugares desta cantina não conseguem suportar a procura».

Entretanto as associações de estudantes da universidade de Lisboa e do ISCTE parecem não convergir na solução do problema.

O movimento independente «Não ao fim da cantina» clarifica que «apesar dos nossos esforços de unificar utilizadores da Universidade de Lisboa (UL) e do ISCTE-IUL tal resultado não foi conseguido». O representante da AAUL [Associação Académica da Universidade de Lisboa], «depois de intensas negociações e mesmo com alterações do texto da petição, para ir de encontro a uma solução» comum, «rejeitou o apoio da mesma, considerando o melhor interesse fechar o refeitório II». Mas o movimento reitera «a defesa dos interesses de TODOS utilizadores (...) que não se sintam representados na posição de fecho da cantina».

O movimento solicitou também, junto da UL, acesso ao inquérito que afirma que 80% dos utilizadores são do ISCTE e que veio citado em alguns jornais, «para compreender até que ponto é representativo»; documento que «não foi disponibilizado».

A Associação Académica da Universidade de Lisboa responde com um comunicado em que explica a situação das duas instituições universitárias e declara que «não parece justo ver suportado pelo orçamento dos SASUL [Serviço de Acção Social da Universidade de Lisboa] uma despesa que está prevista no orçamento dos Serviços de Açcão Social do ISCTE». 

Ainda assim, dizem-se solidários com os alunos do ISCTE, pois «é inadmissível que 500 ou 600 alunos daquela instituição, por dia, fiquem sem uma cantina que lhes sirva refeições a preço dito “social”; é inadmissível que uma Reitoria, confrontada com estes dados, permaneça indiferente e não opte por, das duas uma, contribuir em 80% para os custos da referida cantina ou, por outro lado, disponibilizar uma nova cantina, própria, para os seus estudantes».

Vasconcelos Tavares, vice-reitor da UL, confirmou o fecho da cantina nova ao Canal Superior – plataforma com informações sobre o ensino superior –, garantindo que foi «encontrada uma solução ainda melhor», que será aplicada a partir do dia 1 de Janeiro e que chegará a toda a comunidade académica. Sem avançar qual será a alternativa, Vasconcelos Tavares assegura apenas que «seria impensável não haver condições para os estudantes» e que, dentro de poucos dias, vão ter mais informações sobre o assunto.

No mesmo edifício da cantina a encerrar encontra-se um infantário que também vai fechar. Pertencente igualmente dos Serviços de Acção Social da Universidade de Lisboa, recebe os filhos de estudantes, funcionários, investigadores e professores da Universidade de Lisboa e do ISCTE.

Fontes
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