Se o contentor do lixo aguenta, o BPI também

05-02-2013

Os Indignados Lisboa apelam a que se siga o exemplo espanhol: depositar os sacos do lixo à porta dos bancos. O candidato principal é, evidentemente, o BPI do sr. Ulrich, que não se cansa de repetir que os portugueses não só podem aguentar bem as medidas de austeridade, como até podem aguentar mais. Ora, se o contentor aguenta todo o lixo produzido por uma comunidade inteira, o BPI também.

O que fazer com a banca?

Entretanto, faz tempo, muito tempo, que decorre na Europa um debate sobre o futuro e as reformas necessárias no sector bancário, face às consequências que a crise desse sector provocou na sociedade, na política, na democracia e na vida quotidiana do humilde cidadão. É toda uma polémica, quase sempre apresentada com enorme aparato técnico e que, como de costume, passou completamente ao lado da sociedade portuguesa, onde, neste como noutros assuntos centrais, todos os políticos de todos os quadrantes estão de olhos postos no polícia sinaleiro europeu, para saberem para que lado hão-de virar. Pois bem, parece que foram ultrapassados até pela hiperconservadora coroa britânica, cujo governo aprovou hoje um pacote legislativo que acarreta alterações estruturais consideráveis no sector bancário e financeiro, incluindo a separação da banca comercial e da banca de investimento.

Esta reviravolta legislativa não significa porém, do ponto de vista da população, dos 99%, que alguma coisa de essencial vá mudar – para isso seria necessário que os 99% tomassem parte no debate e nas decisões; ou seja, muito provavelmente, que antes de se refundar a orgânica das instituições bancárias se procedesse à socialização da banca (para variar da socialização das dívidas da banca).

A nova legislação britânica resulta dos debates, denúncias e conclusões dos grupos de estudo do sector bancário – Basileia III, Independent Commission on Banking (IBC), também chamada Comissão Vickers, Grupo Liikanen, etc.

Não sendo vocação deste jornal dar voz aos governos e às polémicas das instituições privadas, e na ausência de qualquer tomada de posição (nossa conhecida) por parte dos sindicatos, comissões de utentes e outros movimentos sociais, remetemos para o site do CADPP, onde poderão encontrar uma série de artigos sobre o papel da banca na crise actual e uma proposta de socialização da banca.

Fontes

Indignados de Lisboa.

Sobre as propostas de socialização da banca:
CADPP, «Socializar o sistema bancário – uma necessidade imperiosa», 4/02/2013 (entre outros artigos no mesmo sítio, sobre o mesmo tema)
Sobre a nova regulamentação britânica para o sector bancário e financeiro:
Informação proveniente dos movimentos sociais, com edição da responsabilidade de quem a assina.
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