por Ana Martins
Um grupo de cidadãos indignados e a Comissão de Utentes da Via do Infante (CUVI) realizaram uma acção de protesto conjunta, no dia 22 de Dezembro, que consistiu na entrega simbólica de presentes ao presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, junto da sua casa de férias em Albufeira, na «Aldeia da Coelha» (Albufeira). Os cidadãos quiseram demonstrar a sua indignação contra as actuais políticas praticadas pelo governo PSD/CDS que destroem a vida dos portugueses e contra a inacção do Presidente. A Comissão de Utentes da Via do Infante (CUVI) vem apelando à não introdução e suspensão das portagens na Via do Infante no Algarve, tendo declarado os elementos do Governo, assim como o presidente da República Portuguesa, personas non gratas na região.
A acção consistiu numa entrega de prendas de Natal, no sábado, dia 22 de Dezembro de 2012, com concentração na Guia, pelas 10h30, de onde saíram cerca de duas dezenas de pessoas, algumas vestidos de Pai Natal, de bicicleta e de carro em direcção à casa de férias do presidente em Albufeira.
Após a partida, fez-se uma paragem simbólica, na rotunda da Guia (EN125), onde se esticou uma faixa a pedir a suspensão imediata das portagens na Via do Infante e se fez um minuto de silêncio, em memória das 41 vítimas mortais desta mesma estrada no ano de 2012. A Estrada Nacional 125, suposta alternativa à Via do Infante, já é conhecida por Estrada da Morte, pois atravessa o Algarve passando pelo centro de muitas localidades sem quaisquer condições de segurança rodoviária. Para além disso, o próprio Governo prometeu obras de requalificação estão paradas há meses por falta de verba.
Após a paragem, a caravana, sempre acompanhada dos agentes de segurança da GNR, dirigiu-se para a casa de férias de Aníbal Cavaco Silva, onde foi feita a entrega dos presentes de Natal.
À chegada, a casa encontrava-se isolada por fita da GNR, que referia a interdição de passagem, mas os presentes foram entregues a um dos participantes que se colocou na «pele» de Cavaco Silva. Foi lida uma carta onde se pedia a demissão do Governo:
«Estamos aqui hoje à sua porta, o já célebre sítio da Coelha, e ao contrário do que possa pensar, não é para lhe desejar um feliz Natal, mas para o fazer pensar sobre a sua própria inutilidade na salvaguarda dos direitos dos cidadãos na República Portuguesa (…). Nunca um presidente da República em democracia fez tanto mal à democracia (…). Sentimos que não temos só o direito, mas também o dever de vir bater à sua porta, e viemos cá pedir-lhe que nos faça um favor a todos nós, senhor Presidente, demita já, imediatamente e com força, em nome do mais alto interesse da nação, o Governo PSD/CDS, liderado pelo senhor Pedro Passos Coelho e faça também o favor a si próprio (…) aproveite o rasgo de clarividência e demita-se em seguida, Portugal agradece-lhe!»
De seguida, foi entregue ao presidente Cavaco Silva, pelo «Pai Natal», uma lista de presentes como: «portagens na A22 – 41 mortes e 155 feridos graves»; «50 mil desempregados no Algarve»; «Fome»; «Falências e insolvências das empresas»; «Desastre social e económico do Algarve»; e por fim foi entregue a Constituição da República Portuguesa, para relembrar ao presidente os deveres da sua função.
Os manifestantes, após a entrega das prendas, reforçaram o pedido da demissão deste Governo, assim como a demissão do presidente da República Portuguesa, e voltaram a pedir a suspensão imediata das portagens na Via do Infante que tem a sua quota parte de culpa na destruição da Região.