Manifestação de militares contra a austeridade apela à participação de civis

10-11-2012

Decorre hoje, sábado dia 10 de Novembro, uma manifestação de militares convocada por 3 associações profissionais: a Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA), a Associação Nacional de Sargentos (ANS) e a Associação de Praças (AP). 

O desfile tem início pelas 15 horas, na Praça do Município em Lisboa, passando depois pela Rua do Ouro e pelo Rossio, até aos Restauradores, onde haverá intervenções junto ao Monumento que simboliza a Restauração da Independência Nacional em 1640.

 

O protesto apela também à participação de toda a população. “Seria uma honra para nós percebermos que os portugueses estão ao lado das suas Forças Armadas!", disse o Coronel Cracel, presidente da AOFA, entrevistado pelos Precários Inflexíveis.

Referiu ainda que "no essencial, a austeridade aplicada da forma injusta que todos conhecemos e sentimos, constitui o denominador comum causador do sentimento de revolta que se vai apoderando de todos, militares ou não militares!"

Os militares apoiaram as manifestações "Que se Lixe a Troika, Queremos as nossas Vidas!" do passado dia 15 de Setembro, declarando na altura a AOFA que se solidarizavam com "todas as iniciativas que, no exercício de um direito de cidadania, afirmem a recusa face a práticas injustas sempre apresentadas sob a capa de nobres objectivos", tendo ainda referido que os militares "não serão, nunca,  como a Constituição obriga, instrumento de repressão sobre os seus concidadãos que um dia juraram defender".

A Associação de Praças considera que: "É por demais evidente o falhanço das políticas impostas por este Governo, que se baseou na desvalorização do trabalho e dos direitos sociais, impondo mais e mais austeridade, mais desemprego, mais precariedade. (...) Deparamos-nos com um país destroçado, sem rumo e a caminhar para o abismo. Não podemos permitir que, ao sabor de qualquer "troika", sejam retirados direitos legalmente consagrados na Constituição da República Portuguesa que jurámos defender".

As associações que convocam esta manifestação de militares, e que apelam à participação de vários sectores não-militares, já solicitaram publicamente a Cavaco Silva a fiscalização preventiva do OE para 2013.

Cracel referiu que os militares têm sido alvo de medidas que, em "nada os diferencia dos restantes cidadãos no que toca às consequências". No entanto, a especificidade do regime militar tem levado a que "medidas cegas" configurem "penalizações ainda maiores quando aplicadas a realidades diferentes.

Em comunicado, a AOFA considera que os militares, apesar de serem “formados e educados a sujeitarem-se a sacrifícios e privações associados às missões que o exercício da função militar exige“, também é facto que, enquanto cidadãos, têm direitos que “em nome da dignidade que a todos é devida, exigem que sejam respeitados.”

Mas, em seu entender, o que está em causa é mais do que os direitos militares e de cidadania, é mesmo a soberania nacional: “E é muito o que está em jogo: são os nossos direitos que violentamente são espezinhados, desrespeitando e desconsiderando a condição militar que, para além do mais, condiciona o exercício de uma cidadania plena conferido à generalidade dos cidadãos, e, em nosso entender, é a Soberania da Pátria que um dia todos jurámos defender que claramente começa a ser posta em causa!”

Neste sábado prometem continuar a luta e apelam à participação popular nos protestos, referindo que a sua subordinação ao poder político, não "os compromete com a defesa de outros interesses que não sejam os do País".

Ontem, sexta-feira dia 9, o ministro da Defesa visitou a base aérea da OTA , onde vários oficiais das Forças Armadas meteram um dia de férias para evitar o Ministro. A decisão foi tomada em protesto contra as políticas do Governo, as quais, segundo os oficiais, estão a degradar a condição militar.

O ministro José Pedro Aguiar-Branco visitou as instalações escolares da unidade militar e conheceu os projectos elaborados por militares da Força Aérea. Apesar de todos os preparativos, a visita causou mal-estar. Em sinal de protesto os sargentos faltaram ao almoço, ou seja, houve levantamento de rancho na OTA, segundo noticia a rádio Renascença.

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