por LA
Cartaxo, Rio Maior, Almeirim e Santarém são alguns concelhos que abraçaram um projecto que visa o aproveitamento de espaços na periferia ou no centro das cidades.
Em Almeirim, a iniciativa arrancou, no passado mês de Abril, e actualmente um total de cerca de 150 pessoas estão envolvidas no cultivo de uma área de 1.516m2 que foi dividida em 60 lotes distribuídos gratuitamente.
Para que a exploração fosse feita à luz da agricultura biológica foram organizadas quatro sessões de formação, em sala e no terreno, um complemento educativo que surgiu da parceria entre a Câmara Municipal e a Agrobio – Associação Portuguesa de Agricultura Biológica.
O número de adesões demonstra um claro interesse pela agricultura em concelhos urbanos historicamente ligados à actividade, mas onde atualmente esta constitui apenas uma pequena parte da ocupação laboral, com a predominância dos sectores secundário (indústria) e terciário (serviços).
Meses depois, o conceito deu frutos no concelho do Cartaxo, por iniciativa da Eco Cartaxo – Movimento Alternativo Ecologista, e começaram a ser cultivados na Quinta das Pratas, inicialmente, 14 talhões. Os valores do campo foram redescobertos e a adesão dos habitantes foi uma boa surpresa para os seus empreendedores. Rapidamente, foram preenchidos os 22 espaços disponíveis, atingindo-se os 100% de ocupação. Estima-se que estejam envolvidas nesta iniciativa entre 50 a 60 pessoas, que perfazem um grupo heterogéneo englobando diferentes níveis sociais, de formação e faixas etárias, à semelhança do que acontece nas restantes hortas da região. O fim primordial dos alimentos é o consumo familiar, apesar de ser permitida a comercialização dos produtos.
Em Rio Maior, a iniciativa avançou com a distribuição de 31 talhões, dos 44 disponíveis. O terreno com cerca de 1.800m2 dispõe de abastecimento de água, uma zona de compostagem e arrumos.
A antiga Escola Prática de Cavalaria, em Santarém, foi o primeiro local a receber um projecto desta natureza. Levado a cabo pela Casa Solidária das Artes e Ofícios, o projecto, na altura pioneiro, data de 2011. Ao contrário dos exemplos anteriores, as hortas foram criada estritamente numa prestativa de apoio social a famílias afectadas pelo desemprego ou em situação de carência socioeconómica. Aqui encontraram uma ocupação que ajuda a manter hábitos de trabalho e proporciona a aquisição de competências profissionais, no âmbito da agricultura tradicional. Têm neste momento 8 talhões ocupados, bem como laranjeiras e limoeiros a serem cultivados no espaço comunitário. Os 22 lotes ainda disponíveis aguardam a ocupação e exploração por parte de famílias em dificuldades interessadas na actividade agrícola.
As hortas comunitárias são uma realidade um pouco por todo o país e chegaram ao Ribatejo para promover uma alimentação saudável e um novo conceito de comunidade, baseado no estreitamento de laços entre habitantes e na optimização da qualidade de vida nos centros urbanos.
O espírito comunitário que se vive entre os horticultores estende-se à manutenção, feita de forma participada, e à aprendizagem conjunta, usufruindo da sabedoria dos mais experientes. Cultivam e consomem os frutos do próprio trabalho numa experiência que será, no mínimo, enriquecedora.
A obtenção dos lotes não está dependente de qualquer pagamento e os critérios de seleção baseiam-se na ordem de chegada das inscrições e na proximidade da residência ao local das hortas. Contudo, os materiais necessários são da responsabilidade do horticultor que, caso não os possua, terá de os adquirir.