por LA
Os funcionários da Caixa Geral de Depósitos (CGD) estiveram em greve esta sexta-feira, 2 de Novembro 2012. A paralisação foi convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores Grupo Caixa (CRGC), como forma de protesto contra a privatização da instituição e a redução dos salários produzida pelo Orçamento de Estado 2013. A Greve de hoje registou uma adesão massiva, com particular incidência na Empresa leader do Grupo, a CGD, segundo o sindicato.
A greve fez-se sentir em todo o universo do Grupo, muito especialmente na rede de Agências CGD, com a maioria dos balcões a encerrarem ou a funcionarem apenas para prestar informações, e outros a funcionar sem as condições mínimas de segurança, recorrendo em muitos casos, a trabalhadores com vínculo precário. Também os serviços centrais estiveram a funcionar de forma reduzida e essencialmente à base de trabalhadores em regime de outsourcing.
No discurso que proferiu na concentração, o presidente da direcção do sindicato, João Artur Fernandes Lopes, disse que a manifestação «visa também manifestar o nosso repúdio por qualquer alienação de activos que o Governo pretenda fazer, dentro do Grupo CGD». A venda da Caixa Saúde, que «revestirá um enorme prejuízo para as contas do Grupo CGD», e a venda anunciada da Caixa Seguros, que «passaria a ser o único Banco a actuar no mercado sem ter seguros próprios» - são vendas que «só têm uma intenção - enfraquecer e descapitalizar a CGD, para atingir um objectivo final - a destruição completa do Grupo público!»
A greve foi convocada em 17 de Outubro passado, em comunicado do sindicato que, entre várias reivindicações laborais, «repudia a tentativa de venda às fatias do Grupo CGD, de que é exemplo a área da saúde, depois da CGD ter investido centenas de milhões de Euros, nas várias unidades dos HPP, a última em Agosto 2012, com o Hospital de Albufeira, e agora vende a preço de saldo todo este investimento, a um grupo empresarial brasileiro». E «repudia a privatização parcial ou total da CGD que, para além de colocar Portugal como o único país da zona Euro sem um Banco público, arrastaria, entre outras graves consequências para o país, um cenário que põe em causa os postos de trabalho na Empresa.»
O Dirigente alertou também para «a tragédia que se perfila com o Orçamento de Estado para 2013 e as notícias de que o governo já tem um plano B, para cortar mais 4 mil milhões de Euros, nas áreas da Saúde, Educação e Segurança Social» Acrescentando que estas medidas «só podem ter uma resposta - A luta pelo derrube deste Governo!».
E concluiu, dizendo: «O Governo, que está a atirar o país para a miséria e a conduzir a um descalabro social sem precedentes, tem de ser travado nesta sua política irresponsável, de fazer pagar aqueles que menos têm, os desvarios de uma governação que alienou, vendeu e destruiu a produção nacional e nos colocou reféns de uma divida, de que nem sequer sabemos o valor, de que não conhecemos a origem e de que até desconhecemos quem são os credores. Temos direito à vida e não aceitamos um governo e uma política que nos conduz ao abismo!»
A greve afectou também a programação da Culturgest para a noite de sexta, com o cancelamento do concerto do baterista norte-americano Jim Black no Grande Auditório e dos três espectáculos de dança do projecto "Celebração" no Pequeno Auditório. Um destes espectáculos - o Cabaret Curto & Grosso - mudou de palco e actuou a partir das 0h30 no Ritz Club, com entrada livre.
No dia 14 de Novembro, os trabalhadores da CGD estarão também a greve geral, que irá ocorrer também noutros países do Sul da Europa.